sábado, 19 de dezembro de 2015

O PLENILUNIO DO AMOR (OU OS ARQUÉTIPOS DE LUCIAH)


O PLENILUNIO DO AMOR

(OU OS ARQUÉTIPOS DE LUCIAH)

Luiz Alberto Machado

Quisera eu, qual Tagore insone jardineiro, profanar por inteiro na penumbra da tua reclusa noite o teu riso luzidio esplendoroso, um riso salvador de rara beleza.

E nesse riso ver-me viajor escravo com os sabres do meu desejo e a lança de hóspede invasor por teu decote sedutor e por todos os teus aposentos a serviço dos teus quereres e com palavras doces ao teu ouvido na alcova que irradia o azeite perfumado do teu leito.

E todos os meus afazeres serão te servir, qual devasso Jung para empreenderes novas conquistas, enquanto revolvo todos os teus mantos de noiva vestal na festa nupcial.

E sob os teus véus carregados de segredos eu me atreverei a ver-te toda nua na tua introversão e a povoar teus sentimentos e pensares para cobri-la e protegê-la com os meus beijos no plenilúnio dos teus seios.

E vou recolher o orvalho de tua carne sedenta nas gemências dos teus quereres e como galardão tomarei

para mim o que me deres qual mendigo que recolhe a oferta altruísta a explorar todos os ângulos, faces e lados de tua natureza alquímica.

E assim farei emergir a lua nascente dos teus pés, para que eu proceda na tua individuação, alcançando o ouro do teu ser como Paracelso na libação do teu poder enérgico nos estremecimentos de fêmea no cio.

E nos arrepios da tua púbis eriçada pecaminosa e forjada no calor da volúpia, empunharei meu dardo inexoravelmente rijo para sentir o eflúvio da flor do teu sexo, da rosa da tua vulva com todas as tuas experiências primordiais.

E assim romperei tua noite cabalística por todas as mandalas emergentes do teu fogo inextinguível que brotará da febre inquietante para iniciar-me na saga de Eros e Tanatos, até sabê-la na viagem noturna do teu mar de Vênus e a descobrir das sombras dos teus temores e furores mais envolventes.

E na madrugada gnóstica o meu fervor ibérico estará a postos para desvendar tuas mitologias mais estrepitosas e para o deleite de tua mais completa entrega insular.

E quando o sol invadir os teus aposentos matutinos, beijarei tua carne, lamberei tua pele e te revirarei de bruços para cobrir-te do tornozelo às costas com a exploração de suas mais recônditas cercanias.

E vou untar todo teu corpo com meu sêmen enquanto meu sexo percorre se esfregando por toda tua geografia e as minhas mãos inquietas e obscenas estarão no teu ventre a buscar do fogo e do sol a nascer do teu prazer e de todos os teus rios e mananciais.

E até que te tenhas por inteira totalmente lambuzada pelo visgo do meu sexo, te entornarás ajoelhada com os punhos na minha oferenda e falará no meu falo, e nele fará flauta entre os lábios para exprimir dulcíssimas canções até que a minha serpente se torne prateada com a tua saliva.

E que o veludo da tua língua e o calor da tua boca se fartem e me tenham sob o teu domínio a se irrigar de mim com o que há de explodir da minha mais frenética catarse até inundá-la corpo inteiro com minha seiva a escorrer-te até o ventre minado.

E te apalparei para que minha sede cunilíngua te invada por toda hospedaria vespertina do teu gozo e te traga os encantamentos movediços e velozes das tuas raízes famintas com todos os folguedos dos meus
desejos imorais no teu cântaro e nos teus viçosos caminhos.

E quando o teu inspirador crepúsculo ensaiar uma nova entrega serei coroado com um novo gozo que me entronizará no prêmio da tua extroversão com todo o suspiro de tua voz no sonho interminável a repousar no teu infinito mistério.




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