Sacrifício
Não é a parte inventada de você que me faz santa ou me oferece o beijo ou o véu. É a sua parte primária aquela onde a ancestralidade da carne me faz altar onde você consagra a loucura que me transforma de santa em adoradora submissa da sua carne, dos seus suores, dos seus líquidos inibidores das minhas mais loucas e inconfessáveis vontades. O meu ego se satisfaz no atrito da sua pele e na força imanente do seu ser - macho. A minha busca e a minha espera vão salgando a a carne e anoitecendo os meus olhos de todos os medos, pois estamos próximos e distantes e todos os gozos e estremecimentos e a deliciosa sensação da sua boca passeando livre sobre a minha pele, faz escorrer todo veneno que ainda possa estar contido em esquecidos bocejos ou no canto do meu olho esquerdo. Não há necessidade de mais palavras - apenas gemidos e a respiração entrecortada fazendo o coração bater mais forte e mais forte até explodir na imensidão da qual fazemos parte - você e eu.
para Odur
imagem: Roberto Ferri
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